Espiritualidade

O túmulo está vazio, mas o sacrário não...

Antes da Paixão, o Senhor reuniu os seus discípulos e celebrou a ceia pascal com eles. Três dias depois, os discípulos foram ao túmulo, mas o corpo não estava lá. O que aconteceu, e como o corpo sumiu? Os judeus logo disseram que o corpo foi roubado, essa era a saída e a solução mais rápida e fácil, mas para a fé isso não serve.

A ressurreição é o ponto chave para compreender que em toda a sua pregação, Jesus falava e agia como filho de Deus, como o “servo sofredor”. O profeta Isaías, no capítulo 42, no primeiro versículo, diz assim: “Eis o meu servo que eu sustento, o meu eleito, em quem tenho prazer. Pus sobre ele o meu espírito, ele trará o julgamento às nações”. Mas, para chegar a uma resposta de fé, que passe da morte de cruz para a ressurreição, não basta apenas uma leitura dos profetas.

Durante a sua pregação, mais paixão e a morte estavam em estreita ligação com a vontade de Deus. Isso provocou o escândalo mesmo entre os discípulos. Mas se isso faz parte do projeto, no seu todo, a morte não pode ser o fim, porque as profecias falavam de vitória de Deus, e a cruz parece uma derrota. Quem sabe se a prova fosse escondida, isto é, o corpo, não se poderia melhorar a história?

O encontro entre o Ressuscitado e os discípulos é o ponto de confronto com as profecias e aquilo que foi anunciado por Jesus: o medo foi substituído pela alegria, e o desânimo foi vencido pela esperança. O túmulo vazio indica, mas é no encontro que a fé cristã se afirma.

O corpo do Ressuscitado não foi encontrado por Maria Madalena, assim celebramos com o Evangelho no domingo da ressurreição; mas guardou os sinais da paixão, foi a narrativa no segundo domingo da páscoa; no terceiro domingo, com os dois discípulos de Emaús, recordamos que a obra de Jesus estava já implícita na Lei e nos profetas, e foi reconhecida ao partir o pão; o quarto domingo pascal lembrava que o Ressuscitado é o “Bom Pastor”, que deu a vida por suas ovelhas; antes da celebração da ascensão, memória de quando Jesus Ressuscitado voltou para junto do Pai, até o dia da sua segunda vinda na glória, no quinto e sexto domingo pascal, a sequência do Evangelho apresentava Jesus e os discípulos na última ceia.

No Domingo de Pentecostes, apagamos o círio pascal, e isso nos remete para a presença sacramental de Cristo, que é obra do Espírito. O Paráclito impulsiona a Igreja fazendo com que cada sacramento seja ação de Cristo, e, particularmente, que a Eucaristia seja presença real do Senhor.  Assim, o túmulo realmente está vazio, mas em todos os sacrários de nossas comunidades temos a certeza da presença do Ressuscitado.

Dessa forma, a Eucaristia, que primeiro celebramos para alimentar a comunidade dos discípulos reunida, mas que também reservamos para levar aos doentes e para a adoração, nos impele para realizar a obra do Senhor. Podemos dizer que a Eucaristia, Pão da Vida, alimenta a “Igreja em saída”, que se compromete com as realidades do mundo, no serviço aos irmãos, principalmente aos mais pobres.

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