Comportamento

O que fazer quando a morte se apresenta?

É sempre muito difícil viver a perda de alguém querido; fomos criados para a vida e, assim, a morte nos impacta de modo muito doloroso. Se é difícil para nós, adultos, lidar com a perda, como devemos ajudar as crianças a elaborá-
-la de modo saudável? 
Antes de tudo, é necessário refletir de que forma proporcionamos aos nossos pequenos que entrem em contato com a realidade de “perder”. Perder um desenho a que estão assistindo, perder um brinquedo para o colega que quer brincar, perder o doce de que gostam, porque acabou... As pequenas perdas aparecem naturalmente no dia a dia dos pequenos, e lidar com elas é o fator precursor da capacidade de lidar com perdas maiores depois. 
Outro aspecto importante a ser avaliado, até para crescermos em autoconhecimento, são os sentimentos que nós, adultos, temos quando percebemos o sofrimento de nossos filhos ao perderem algo. Como nos deixamos afetar por eles? Sentimos tristeza, certa angústia, compadecemo-nos até mesmo dos pequenos sofrimentos... Tudo isso é relativamente comum e esperado. É preciso, porém, pensar em como agir diante desses sentimentos; afinal, estamos formando pessoas, e, por isso, não é bom que nossas ações sejam resultado impulsivo de nossos sentimentos. Nossas ações devem ser guiadas pelo objetivo que temos: se queremos preparar os pequenos para a vida, para enfrentá-la com mais lucidez e fortaleza, nossas ações devem mostrar que perder faz parte da vida, que podemos sofrer com isso, mas que suportaremos e, mais  que isso, nos tornaremos melhores, mais capazes, mais criativos. 
Nessa direção, de crescermos em autoconhecimento, é importante pensarmos também: como eu encaro a morte? Com que sentido e com que transcendência a enfrento? Se o próprio adulto perceber em si a dificuldade de elaborar essa realidade natural para todo ser humano, certamente terá muita dificuldade de tratar o assunto com a criança e de ajudá-la a suportar a dor da perda. Num mundo de super-heróis, príncipes, princesas e ilusões, acabamos encontrando dificuldades enormes em lidar com situações tão próprias da existência humana como sua finitude e a falta de controle que temos sobre isso.
É importante nos empenharmos para tratar dessa realidade do modo mais natural possível, sem tantas metáforas, que pouco sentido fazem para os pequenos: a vovó virou uma estrela, foi viajar num lugar muito distante – estranho não é mesmo? Pouco diz sobre a vida e seu sentido. 
E quando a morte aparece ainda mais próxima? Quando a criança perde um dos pais ou um irmãozinho que adoeceu? Quanta lucidez e coragem precisamos ter para ajudar a criança a elaborar essa perda! O caminho mais curto e seguro é certamente a verdade: ninguém vira estrela ou viaja para algum lugar em que o telefone e a internet não alcancem, não é mesmo? 
E qual é a verdade? Depende de nossa fé. Para aqueles que acreditam na vida eterna, a verdade é o Céu e o amor de um Deus que é Pai e sempre nos acompanha e sustenta, principalmente na dor e no sofrimento. E podemos falar às crianças sobre o Céu como um lugar maravilhoso e até mesmo atrativo! 
Para os que não têm fé, a verdade é mais dura pois se trata de encarar um fim intransponível. 
De qualquer modo, a perda, a saudade e a dor que a morte pode causar precisarão ser vividas pela criança para que ela elabore essa perda e possa superá-la de modo mais saudável. 
Animo os pais para que tenham coragem, que reflitam sobre a morte. Afinal, pensar nela ilumina o sentido de nossa vida e, quando for oportuno, tratem do assunto com bastante naturalidade com os pequenos. Não é fácil, contudo, nossas maiores conquistas geralmente não são feitas com facilidade, não é mesmo?     

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