Espiritualidade

O fogo do Espírito

O fogo é um elemento transformador da realidade à sua volta. Desde o princípio, a humanidade compreendeu a força do fogo, e, com o passar do tempo, o homem também conseguiu produzi-lo e dominá-lo. Aos poucos, o fogo foi se tornando imprescindível para aquecer, cozinhar os alimentos e, mais tarde, derreter e dar forma aos metais. O poder do fogo também foi usado para mover máquinas, o que aumentou a produção industrial, melhorou o transporte, além de permitir muitas outras inovações. O fogo tornou-se um aliado do homem na busca por uma vida melhor. 

No âmbito religioso, o fogo também é bastante utilizado, como no oferecimento dos sacrifícios, que são queimados como uma oferenda a “Deus”. O Antigo Testamento recorda os sacrifícios dos cordeiros que eram queimados no altar pelos sacerdotes. Outros aspectos do uso do fogo estão relacionados à queima do incenso ou de orações escritas em pequenos pedaços de papel. Em geral, a ideia é que, ao serem queimadas as oferendas, elas sobem ao céu, chegam a “Deus” e lhes são agradáveis. Outras religiões também utilizam o fogo no sentido de purificação. Diferentes usos e costumes, mas o uso do fogo na religião sempre esteve associado a algo divino.

Enquanto caminhava no deserto, rumo à Terra Prometida, o povo de Deus foi acompanhado pela nuvem durante o dia e pela coluna de fogo à noite. O povo não caminhou sozinho: recebeu de Deus uma direção e uma segurança na nuvem e no fogo. A imagem do povo caminhando pelo deserto sempre foi usada para prefigurar a Igreja peregrina, que continua caminhando no mundo. A Igreja também não caminha sozinha, ela é acompanhada pelo Espírito, que foi enviado pelo Pai e pelo Filho. 

Quando Jesus apareceu aos discípulos, reunidos no cenáculo, soprou sobre eles o Espírito e os enviou para anunciar o Evangelho a todos os povos. O Espírito foi dado para dinamizar e garantir a continuidade da missão do próprio Jesus. O Espírito completa e explica a Boa-Nova, primeiro para os discípulos e depois para toda a Igreja. No Espírito, a Igreja é reunida como Corpo Místico do Senhor Ressuscitado; por Ele são constituídos os ministérios, os sacramentos e todo o conjunto dos fundamentos da fé. O Espírito é a luz que ilumina e conserva a pregação apostólica, garantindo a transmissão da verdade, de geração em geração. A celebração de Pentecostes encerra o tempo pascal e faz retomar o tempo comum na liturgia. 

A espiritualidade própria desse tempo é o caminho de Jesus e o discipulado. A cada domingo, o Evangelho apresenta uma passagem da vida de Jesus, fala das dúvidas dos discípulos, dos conflitos com seus opositores, dos milagres e das curas. Na liturgia da Palavra, relemos a história da salvação, cantamos os louvores de Deus, com os salmos, e contemplamos a promessa realizada em Jesus. O Espírito atualiza a Palavra na vida da Igreja. Assim como no deserto e no cenáculo, o Espírito acompanha a Igreja de Deus, abrindo o seu entendimento e enviando os discípulos em missão. A Igreja em saída, comprometida com as periferias existenciais e atenta aos desafios da evangelização na cidade, está sempre atenta ao Espírito.
 

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