Comportamento

‘Não está fácil casar-se!’

Iniciamos aqui uma sequência de artigos com a finalidade de abordar um dos temas mais significativos do comportamento da sociedade atual. Desnecessário mencionar que não é minha intenção apresentar um tratado ou esgotar o assunto. Não seria possível, contudo, abordá-lo em alguns parágrafos ou em um único artigo. Assim, assumimos a ousadia de iniciar esta série, com o objetivo de proporcionar, pelo menos, um espaço de reflexão para o público que deseja se casar, ou se prepara para casar, ou está às portas do casamento; para os que desistiram de casar; e para os que tenham filhos, parentes e amigos em condições de se casar.

“Não está fácil casar-se atualmente!” Esta exclamação tenho ouvido de moças e rapazes há algum tempo diga-se de passagem, muito bem-intencionados; com curriculum vitae bastante adequado e satisfatório para o objetivo que desejam realizar: casar-se. As estatísticas têm demonstrado que, apesar de homens e mulheres continuarem com o desejo de casar, os últimos anos têm apresentado, proporcionalmente, uma queda no número de casamentos.

O leitor deverá saber desde já que não é intuito apresentar nesta “série” os numerosos fatores de interferência que têm atuado no casamento, que surge da livre decisão de um homem e de uma mulher de se unirem até que a morte os separe, e também a disposição de receber os filhos que Deus lhes confiar. Não se trata de preconceitos ou críticas morais, mas simplesmente de limitar o tema ao conceito, como o entende este autor, e documentado por milênios na História. Portanto, não abordaremos aqui as alterações comportamentais humanas que têm favorecido e insistido na versão de novos significados a respeito do que é um casamento. Esses temas só serão mencionados quando envolvidos diretamente nas atitudes daqueles que concorrem para o casamento no seu conceito básico e fundamental.

“Não está fácil casar-se atualmente!” A exclamação emerge de corações angustiados, como alguém à procura de água no deserto. Alguns estão à beira de perder totalmente a esperança. Isso tem conduzido muitos a optar por rever princípios enraizados numa educação familiar sólida, que parece não encontrar estação de primavera na sociedade atual. O resultado são fugas por atalhos de caminhos, aparentemente melhores, mas que o tempo – “senhor da verdade” – vem muitas vezes negar. Para outros, acomodar-se por critérios superficiais, ou até necessários, mas não suficientes para a concretização do casamento, é uma saída, esperando, assim, que ocorram “mudanças milagrosas” no comportamento de seu (sua), até então, noivo(a). Aí estão escritas muitas “novelinhas” de como eu acredito que os fatos se sucederão, colocando papéis de personagens que jamais serão desempenhados pelo artista escolhido, por lhe faltarem as condições necessárias. Muitas vezes, são pessoas boas, com virtudes e princípios, mas sem a capacidade e a determinação necessárias para assumir as exigências do papel familiar.

As grandes transformações sociais ocorridas, particularmente nos últimos 50 anos, arrancaram as raízes sobre as quais a sociedade se apoiava por milênios. É verdade, com muitas ervas daninhas. A existência de secas prolongadas provocava períodos de baixa produtividade na colheita. Geadas inesperadas prejudicavam o resultado dos frutos. Distinguia-se, porém, o que eram as boas árvores, na sua diversidade de cores, aspectos e sabores, daquilo que era daninho, parasita, e que estava lá apenas para estragar a plantação.

O resultado disso, como se verifica nas espécies em extinção, é que vai se tornando cada vez mais difícil um homem e uma mulher se encontrarem para constituir uma família e preservar a espécie naturalmente. Atualmente, os exemplos nas espécies animais crescem e, para que se preservem, criam-se cativeiros. Na espécie humana, homens e mulheres desejosos de poder realizar este sentido de vida na união familiar organizam-se em grupos de internet, no receio de saírem e serem constrangidos. Dura comparação, mas, para os que desconhecem este fato, moças e rapazes estão optando por sites de relacionamento em que possam conhecer pessoas com valores éticos e morais, crenças religiosas, afinidades de compromissos e conteúdo que permitam iniciar uma relação respeitosa, que poderá ou não resultar no objetivo final. Com isso, buscam, ao menos, evitar a perda de tempo ou a exposição àqueles que apenas desejam um encontro casual, descompromissado, numa relação em que o “amor” tornou-se limitado ao instinto sexual.

Paremos por aqui. Retornaremos em 15 dias. Boa semana.

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