Espiritualidade

Mãe com e como a Mãe de Deus!

O Papa Francisco tem estimulado a Igreja a intensificar a experiência da maternidade de Maria na vida concreta, como um auxílio imprescindível para o seguimento de Jesus Cristo e construção do Reino do Pai. Recentemente, em 3 de março, no decreto publicado pela Congregação do Culto Divino e da Disciplina dos Sacramentos, o Papa inseriu no Calendário Geral Romano a Memória da “Bem- -aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus”.

Nos evangelhos, as poucas referências a Maria testemunham o enaltecimento da Mãe de Jesus por muitos que se encantavam com seus gestos e palavras do seu Filho, como se pode deduzir de frases como essa: “Feliz o ventre que te trouxe e os seios que te amamentaram!” (Lc 11,27). Interessante também observar no Evangelho de João que Jesus e seus discípulos parecem ter sido convidados para uma cerimônia de bodas em razão de sua mãe: “Houve um casamento em Caná da Galileia, e a Mãe de Jesus estava lá. Também Jesus e seus discípulos foram convidados” (Jo 2,12). A cena dessa festa marca o início dos sinais de Jesus, estimulado pela fé da Mãe em seu Filho, como também apresenta a solicitude maternal de Maria pela humanidade, que intervém pelas necessidades, “Eles não têm mais vinho” (Jo 2,3), e desperta para a fé em Jesus, os discípulos “creram nele” (Jo 2,11). 

No entanto, a cena dos evangelhos mais paradigmática sobre a maternidade de Maria é o diálogo permeado de dor entre o Filho já estendido na cruz e sua Mãe com a alma traspassada como que por uma espada (Lc 2,35). Ali, o evangelista vê a realização da promessa de Deus redimir a humanidade decaída pelo pecado, por meio da descendência da mulher (Gn 3,15). No momento da vitória de Jesus Cristo sobre o mal e a morte, a maternidade de Maria foi estendida por Jesus aos seus amados e a toda a humanidade: “Eis a tua mãe!” (Jo 19,26). 

A maternidade ativa de Maria Santíssima atraiu e reuniu os apóstolos do Mestre em oração e disponibilidade para a ação do Ressuscitado, que lhes havia prometido o dom do Espírito Santo (At 1,14). Assim, realizava-se as palavras de Jesus na cruz: “Mulher, eis o teu filho!” (Jo 19,27). A Mãe do Redentor, pela ação do Espírito Santo, tornava-se a Mãe da Igreja no evento de Pentecostes. 

É desejo do Papa Francisco fomentar o crescimento do sentido materno da Igreja nos pastores, nos religiosos e nos fiéis, assim como a genuína devoção mariana. Ele tem insistido ao dizer que a Igreja tem uma mãe, que desde Pentecostes nunca deixou de ocupar-se e curar maternalmente a Igreja peregrina no tempo. As aparições acolhidas pelo Magistério, como as ocorridas em Fátima, testemunham a solicitude materna da Virgem Maria, Mãe de Deus pelos seus filhos amados.

O cuidado maternal da Mãe de Deus é exemplo para todas as mães, sustento em suas dificuldades e estímulo encorajador para as mulheres assumirem a vocação materna responsavelmente. Que o sim corajoso que levou Maria a estar presente em todas as etapas da vida de seu Filho, sem nada a temer, como serva e presença estimulante, ilumine todas as mães. 

 

Dom Luiz Carlos Dias
Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Belém

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