Liturgia e Vida

‘Levantai-vos e erguei a cabeça!’ (Lc 21,28)

No Tempo do Advento, preparamo-nos para a “Chegada” - ou “Parusia” - do Senhor Jesus. Aguardamos o seu nascimento em Belém; no entanto, ao mesmo tempo, alimentamos a expectativa por sua segunda vinda, na qual Ele se manifestará não como um bebê envolvido em panos, mas virá “sobre as nuvens com grande poder e glória” (Lc 21,27). 

Por isso, mais uma vez, a leitura do Evangelho tem contornos apocalípticos. E São Paulo, na segunda leitura, pede que nos preparemos para “o dia da vinda de Nosso Senhor Jesus” com o coração “aumentando e transbordando” de amor (cf. 1Ts 3,12-13). A vigilância pela proximidade da vinda do Senhor não nos leva ao individualismo, a viver “cada um por si”… Amar sinceramente a Deus e ao próximo é o único “óleo” que pode abastecer as nossas “lâmpadas”, para que estejamos despertos quando o Senhor vier. Não podemos permitir que a caridade se apague ou esfrie. 

Se, por um lado, porém, o Advento é um tempo de vigilância no amor, por outro é também um período de se aumentar a confiança no Senhor. Uma das armadilhas que mais fazem a caridade esfriar no coração dos cristãos é a falta de esperança ou de confiança em Deus. De fato, se olharmos somente para nossas vidas e para a nossa conduta, talvez caiamos na tentação de desanimar. As leituras da Santa Missa, contudo, nos convidam a olhar sobretudo para Deus e somente n’Ele confiar! 

Jeremias prevê o dia em que Jerusalém “terá uma população confiante” e será chamada de “O Senhor é a nossa justiça” (Jr 33,16). Reconhecer que toda a justiça e bondade vêm de Deus é um antídoto contra o desânimo. O pecado pode levar a uma “tristeza conosco mesmos”. E, sobretudo se esperamos muito de nós mesmos, o inimigo pode nos tentar e levar à desesperança por aí… 

Por isso, Jesus, no Evangelho, fala sobre a atitude que devemos ter ao aguardar a Sua vinda: “Levantai-vos e erguei a cabeça!” (Lc 21,28). “Levantai-vos!”… Esse convite poderia ser literalmente traduzido como “De pé, com a postura reta!”. Não é correto um cristão ser cabisbaixo. Somos confiantes! Não ficamos com o olhar baixo e amuado, fixo somente nas dificuldades e nos mil problemas que enfrentamos no trabalho, na família, na política, na Igreja… Firmamos a postura com rijeza e olhamos para Deus! 

O Senhor ordena: “Erguei a cabeça!”. Não o fazemos por soberba ou porque não reconheçamos os nossos erros, fracassos e pecados, que sem dúvida nos envergonham. Erguemos a cabeça porque seria um mal a mais se estivéssemos sem esperança; se nos esquecêssemos de que o Senhor venceu o mundo; se nos apegássemos mais à nossa fraqueza do que à força de Cristo. 

O Advento deve ser uma terapia intensiva contra a doença da desesperança, contra a miopia do negativismo e contra o “Alzheimer” que nos leva a nos esquecer de que o Senhor nos escolheu, de que Ele nos acompanha, capacita, protege, conduz e salva.

Atenção: Ele não tarda a chegar! “Levantai-vos e erguei a cabeça”!

 

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