Editorial

Jesus Cristo, único salvador

Milhares de milhares de cristãos compareceram às igrejas católicas, em todo o mundo,  para participarem das cerimônias da Semana Santa. No Brasil e na cidade de São Paulo, existe uma percepção generalizada de que, nos últimos anos, houve um aumento da participação dos fiéis na vida da Igreja, apesar de as estatísticas mostrarem a diminuição progressiva daqueles que se denominam católicos. Ao que parece, ao mesmo tempo em que muitos cristãos transitam para denominações de igrejas evangélicas, a Igreja Católica percebe um aumento de seus fiéis praticantes. De modo geral, o povo brasileiro continua sendo um povo de fé. 

A Semana Santa culmina com um solene anúncio. Nas palavras do Apóstolo Pedro, “Vós sabeis o que aconteceu em toda a Judeia, a começar pela Galileia, depois do batismo que João pregou: Deus ungiu com a força do Espírito Santo a Jesus de Nazaré, que passou fazendo o bem e curando a todos os que eram oprimidos pelo Demônio, porque Deus estava com Ele. Nós somos testemunhas de tudo o que Ele fez no país dos Judeus e em Jerusalém; e eles mataram-nO, suspendendo-O na cruz. Deus ressuscitou-O ao terceiro dia... (Atos 10, 34a. 37-40). 

Esse breve discurso pascal de Pedro, em realidade, é o primeiro que o Apóstolo dirige aos não judeus. Inicia-se com reconhecimento pelo Apóstolo de que “Deus não faz acepção de pessoas, mas aceita todo aquele que O teme e pratica a justiça (Cf.v.34). Em outras palavras, Jesus vem para todos e deseja que todos se salvem. O anúncio da Ressurreição é o centro da Boa Nova do Evangelho - e este é dirigido a todos os homens. Assim, Pedro, no mesmo discurso, anuncia: “Ele nos mandou pregar ao povo e testemunhar que é Ele quem foi constituído por Deus juiz dos vivos e do mortos. Dele todos os profetas dão testemunho, anunciando que todos os que nele creem recebem o perdão dos pecados por meio de seu nome”(vv.42-43).

Tal ensinamento, como nos lembra o jornalista e escritor norte-americano George Weigel, em sua obra “The Truth of Catholicism” (A verdade do catolicismo), em meio a um universo cultural relativista em que se acredita que a virtude da tolerância - sem dúvida necessária para a bom convívio entre as diferenças- significa indiferença à verdade, pode trazer algum desconforto. De fato, Weigel recorda as controvérsias que ocorreram na virada do milênio por ocasião da publicação da Declaração Dominus Iesus , sobre a unicidade e a universalidade salvífica de Jesus Cristo e da Igreja, interpretada pelos seus críticos como sendo uma presunção da Igreja, que estaria reclamando para si a prerrogativa de ser o único caminho da salvação.

 

SOBRE ISSO, O CATECISMO DA IGREJA ESCLARECE:

  • “A Igreja reconhece nas outras religiões a busca, ainda ‘nas sombras e sob imagens’, do Deus desconhecido, mas próximo, pois é Ele quem dá a todos vida, respiração e tudo o mais, e porque quer que todos os homens sejam salvos(...) considera tudo o que pode haver de bom e de verdadeiro nas religiões como uma preparação evangélica, dada por Aquele que ilumina todo homem para que, finalmente, tenha vida”.  
  • “A Igreja peregrina é necessária para a salvação. O único mediador e caminho da salvação é Cristo, que se torna presente em seu Corpo, que é a Igreja. Ele, porém, inculcando com palavras expressas a necessidade da fé e do Batismo, ao mesmo tempo confirmou a necessidade da Igreja, na qual os homens entram pelo Batismo, com que por uma porta. Por isso, não podem salvarse aqueles que, sabendo que a Igreja Católica foi fundada por Deus por meio de Jesus Cristo como instituição necessária, apesar disso não quiserem nela entrar ou nela perseverar”. 
  • Essa afirmação não visa àqueles que, sem culpa, desconhecem Cristo e sua Igreja: “Aqueles, portanto, que sem culpa ignoram o Evangelho de Cristo e sua Igreja, mas buscam a Deus com coração sincero e tentam, sob o influxo da graça, cumprir por obras a sua vontade conhecida por meio do ditame da consciência, podem conseguir a salvação eterna”. 

A afirmação de que Jesus Cristo é o único salvador e que atua por meio de sua Igreja pode ser melhor compreendida à luz do Constituição Pastoral Lumen Gentium , do Concílio Vaticano II. Nela, os bispos, com base na Sagrada Escritura e na Tradição Apostólica, ensinam que Deus Pai, Criador do todo universo, “decretou elevar os homens à participação da vida divina. E, caídos em Adão, não os abandonou, oferecendo- -lhes sempre os auxílios para a salvação, em vista de Cristo, o Redentor, “que é imagem de Deus, o primogênito de toda a criatura”(Col 1,15). A todos os eleitos o Pai, desde a eternidade, “conheceu e predestinou a serem conformes à imagem de seu Filho, para que fosse o primogênito entre muitos irmãos”(Rm 8,29). Assim estabeleceu congregar na santa Igreja os que crêem em Cristo. (...) Todos os homens são chamados a essa união com Cristo, que é luz do mundo, do Qual procedemos, por Quem vivemos e para Quem tendemos”. (LG 2.3)

Foto: Luciney Martins/O SÃO PAULO
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