Comportamento

Entre o Público e o Privado: Os adolescentes e as redes sociais

As redes sociais estão bastante presentes em nosso cotidiano. São meios de interação com pessoas conhecidas, um instrumento interessante para reencontrarmos colegas que em algum momento fizeram parte de nossa vida; contribuem para a mobilização em torno de um objetivo comum – manifestações, abaixo-assinados, conscientização sobre questões de ordem política e social etc. Não conseguimos imaginar nosso dia a dia sem esses meios de interação que, certamente, se bem utilizados, trazem benefícios.

A reflexão que proponho hoje, porém, diz respeito ao modo como os adolescentes vêm  utilizando esses meios e suas consequências. É muito comum que se exponham excessivamente –compartilhando detalhes de seu cotidiano, sua localização seus sentimentos, fotos íntimas de seus relacionamentos etc. –, enfim, que transformem suas vidas em algo público, sem nenhum critério sobre o que deve ou não ser compartilhado ou sobre as suas consequências.

Os riscos dessa exposição são enormes, e os adolescentes não têm a menor noção disso. Por exemplo, existem muitos perfis falsos, utilizados por pessoas desequilibradas e mal intencionadas, que se aproveitam das informações postadas para se aproximar, marcar encontros etc.

Além desses riscos maiores e de certo modo mais raros, existe o mal que a exposição excessiva causa à imagem do próprio adolescente. Todos sabemos que os adolescentes são intensos, impetuosos, volúveis. Hoje estão perdidamente apaixonados por uma pessoa, amanhã por outra; hoje são os melhores amigos de alguém, amanhã odeiam a mesma pessoa... O problema é que, sem orientação adequada, acabam agindo mal – e, ainda por cima, publicando tais ações. Corrigir e orientar o adolescente é necessário e é fundamentalmente missão da família.

Porém, retificar a imagem que milhares de pessoas vão construindo sobre ele a partir de publicações feitas sem critérios é impossível. É inclusive comum até mesmo empresas usarem desse instrumento com o objetivo de conhecer o perfil das pessoas que vão empregar, e já há relatos de diversos fracassos profissionais por publicações impulsivas, sem medir consequências.

Nós, pais, somos responsáveis pelos filhos até que completem 18 anos. Tal responsabilidade implica em suprir necessidades físicas, cuidar da saúde, formá-los do ponto de vista moral, orientá-los em suas condutas sociais (escola, colegas, relacionamentos amorosos) e, atualmente, também em instruí-los no manejo das redes sociais.

Sabemos que na adolescência se busca identificação com os demais e aprovação dos colegas. Nessa fase de transição entre a infância e a idade adulta, os adolescentes vivem sentimentos bastante complicados, pois o que está em jogo é o autoconhecimento, a necessidade de ganharem independência e, por isso, mostram-se mais resistentes às orientações recebidas dos pais. No entanto, mesmo resistentes, têm nos pais uma referência fundamental, um porto seguro. Precisamos estar conscientes de sermos esse porto seguro e agirmos como tal – dizendo com clareza o que é adequado ou não, o que é certo ou errado, o que esperamos deles, mesmo que mostrem não gostar. É essa segurança encontrada nos pais que acaba por “salvar” o adolescente de si mesmo e do meio, que em muitos momentos busca corromper seus valores.

Precisamos pensar: o que tem levado nossos filhos adolescentes à tamanha exposição? Vamos ficar atentos e avaliarmos como estamos acolhendo, amando e orientando nossos adolescentes nessa fase difícil: estamos nos oferecendo como referência sem medo de desagradá-los? Lembrem-se: educar os filhos pressupõe investimento de tempo, de amor e bastante trabalho, mas os resultados são maravilhosos! Estejamos atentos às necessidades deles.

Simone Ribeiro Cabral Fuzaro é fonoaudióloga e educadora e mantém o blog http://educandonacao.com.br

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