Liturgia e Vida

Em comparação a Cristo, ‘todo o ouro do mundo é somente um punhado de areia’ (cf. Sb 7,9)

Jesus explica ao “jovem rico” - e também a nós - o caminho da sabedoria e da santidade. Afirma que “só Deus é bom, e mais ninguém” (Mc 10,18). Somente n’Ele está o sentido da vida; a Sabedoria da existência; e o Tesouro do coração. 

E, à pergunta sobre como alcançar a vida eterna, Cristo responde àquele rapaz e a nós com um “lembrete”: “Tu conheces os mandamentos: não matarás; não cometerás adultério; não roubarás; não levantarás falso testemunho; não prejudicarás ninguém; honra teu pai e tua mãe!” (10,19). Em outra ocasião, o Senhor ordenou a um mestre da Lei observar o duplo Mandamento - “amar a Deus de todo o coração e amar ao próximo como a si mesmo” - prometendo-lhe algo semelhante: “Faz isso e viverás!” (cf. Lc 10,28). O caminho para o Céu não muda! Continua simples e ao nosso alcance: crer e respeitar os mandamentos divinos. 

Porém, olhando para aquele jo=vem “com amor”, o Senhor não quis que se limitasse a evitar a condenação. Propôs-lhe um caminho generoso, de santidade e sabedoria: “vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me!” (10,21). 

Convidou-o a uma vida de intimidade e perfeição. Para este fim, Jesus sugeriu-lhe a via da pobreza. Não porque os bens materiais sejam maus em si mesmos, mas porque, por meio do despojamento das coisas materiais (pobreza), do esquecimento da própria vontade (obediência) e da renúncia aos próprios desejos (castidade), tornamo-nos capazes de querer, de receber e de degustar o único bem absolutamente digno de ser buscado, desejado e saboreado: o conhecimento de Nosso Senhor Jesus Cristo. A virtude da pobreza leva à pureza de coração; e a pureza leva à intimidade com Deus. 

Aliás, Jesus é a Sabedoria a que se referia a Escritura quando afirmou: “em comparação com Ela, julguei sem valor a riqueza; a Ela não igualei nenhuma pedra preciosa, pois, a Seu lado, todo o ouro do mundo é um punhado de areia e diante d’Ela, a prata, será como a lama” (cf. Sb 7,9). Por isso, em outra passagem, Ele compara o Reino dos Céus a um “Tesouro escondido”, em troca do qual um homem “vende tudo o que possui” (Mt 13,44). Jesus é o Tesouro que devemos buscar; pois, como Ele Mesmo ensina, “onde estiver o teu tesouro, ali estará o teu coração” (Mt 6,21). 

Segundo Santo Inácio, o humilde e sábio não deseja mais a riqueza do que a pobreza, nem mais a saúde do que a doença, nem mais a honra do que a desonra. Ele recomendava, inclusive, que desejássemos  voluntariamente a pobreza, a doença e a desonra, se isso fosse útil para a nossa salvação e do próximo. Pois bem, precisamos querer a santidade! Querer a Sabedoria! Ter o Senhor como o único Tesouro e desejá-Lo a ponto de podermos dizer: “Amei-O mais que a saúde e a beleza, e quis possuí-Lo mais que a luz, pois o esplendor que d’Ele irradia não se apaga” (cf. Sb 7,10). 

 

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