Liturgia e Vida

‘É aos humildes que Ele revela seus mistérios’ (Eclo 3,20)

22º Domingo do Tempo Comum – 1º DE SETEMBRO DE 2019

Uma das qualidades humanas mais elogiadas por Deus é a humildade. Por três vezes nas Escrituras, afirma-se que “Deus resiste aos soberbos, mas concede a graça aos humildes” (Pr 3,34; Tg 4,6; 1Pd 5,5). Nosso Senhor, no Evangelho deste domingo, confirma: “Quem se eleva será humilhado e quem se humilha será elevado” (Lc 14,11).

Depois da fé, da esperança e da caridade, a humildade talvez seja a virtude mais importante. Peçamo-la ao Senhor! Ela é fundamento das demais virtudes, pois nos permite reconhecer quem realmente somos, o que temos de bom, o que temos de mal, a imagem e o amor de Deus em nós. 

O humilde não se deslumbra com os êxitos (os quais atribui antes de tudo a Deus), nem desanima diante de fracassos. Não se compraz em elogios e detesta os que são imerecidos; mas reconhece serenamente seus verdadeiros dons. Recebe críticas com gratidão, examinando e aproveitando as que são justas: “Com ouvido atento, deseja a sabedoria” (Eclo 3,31).

Sabe – como pede o Senhor – “sentar-se no último lugar” (Lc 14,10). Não se sente merecedor de privilégios ou atenções especiais. Mas, ao mesmo tempo, sabe exigir no momento certo os seus direitos. Não guarda rancor diante de injustiças sofridas, mas levanta a voz quando a justiça – e especialmente o bem alheio – o exige. 

Aceita as humilhações com paciência, tendo diante dos olhos apenas o juízo de Deus, de Quem espera receber “a recompensa na ressurreição dos justos” (Lc 14,14). Tem como hábito escolher para si o pior, sempre que esta escolha passe inadvertida e sirva para benefício dos outros. Não se faz de vítima das circunstâncias, nem culpa os demais por suas frustrações. Não procura se singularizar, nem pensa ser muito diferente dos outros homens.

O humilde “descomplica” a alma, pois não pensa em si mesmo. Saboreia uma constância de ânimo, uma paz e uma alegria especiais. Não vive emaranhado em juízos conflitantes, ou à deriva de impressões momentâneas. Pois, como diz Santa Teresa: a humildade é a verdade no caminho ascético. 

Nossa santificação e o Purgatório consistirão, em grande medida, na aquisição da humildade: expor-nos continuamente à luz e à verdade divina, para que Cristo arranque nossas máscaras, nossas mentiras, nossa duplicidade, nossa soberba e, assim, possamos viver do Seu amor. Somente os humildes chegam a aprofundar o conhecimento de Deus e a vida interior: “É aos humildes que Ele revela seus mistérios” (Eclo 3,20). 

A humildade é virtude dos santos! Não é característica de fracos, mas dos gigantes: “Na medida em que fores grande, deverás praticar a humildade” (Eclo 3,20). É a virtude do Coração de Cristo: “Aprendei de Mim porque sou manso e humilde de coração” (Mt 11,29). E o que Deus admirou na Virgem e que a fez merecer ser chamada de bendita por todas as gerações (cf. Lc 1,48). Pois, “grande é o poder do Senhor, mas Ele é glorificado pelos humildes” (Eclo 3,21).

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