Liturgia e Vida

Deus os quis diferentes para, a partir de ambos, formar ‘uma só carne’ (Mc 10,7)

Aos fariseus que O punham à prova, Jesus, além de afirmar inequivocamente a indissolubilidade do Matrimônio, explicitou um aspecto essencial da identidade e da vocação dos seres humanos: a distinção entre os sexos. 

“Desde o começo da criação, Deus os fez homem e mulher” (Mc 10,6) … Homens e mulheres não nos encontramos em “oposição”. Ao mesmo tempo, não somos “iguais”, senão em dignidade aos olhos do Criador. Além disso, masculinidade e feminilidade não constituem o produto de convenções sociais, tampouco são o resultado arbitrário da “escolha” dos indivíduos… A diferença e complementaridade entre homem e mulher foram, na verdade, pensadas, queridas e criadas por Deus desde o início do mundo!

Na família, no trabalho e na Igreja, a diferença entre os sexos nos enriquece e ajuda. Guardadas as particularidades dos indivíduos, é frequente que a objetividade, a frieza, a desatenção a detalhes, a menor preocupação e a impaciência dos homens se componham bem com 
a intuição, a acolhida, o cuidado aos detalhes, a apreensão e a coragem frente à dor das mulheres. 

Nenhum dos sexos foi criado para subjugar o outro, pois Deus os quis diferentes para, a partir de ambos, formar “uma só carne” (Mc 10,7): para ajudarem-se, valorizarem-se e completarem- -se mutuamente. E isso até mesmo na vida espiritual e entre celibatários! Tradições ascéticas nasceram e se alimentam desta complementaridade: Bento e Escolástica; Francisco e Clara; Teresa e João da Cruz; Francisco de Sales e Joana de Chantal. 

Porém, para nos aceitarmos a nós mesmos, para descobrirmos nosso autêntico lugar neste mundo, para que vejamos a vida como um verdadeiro dom de Deus, enfim, para que vivamos em paz conosco mesmos, com os outros e com o Senhor, é necessário que aceitemos a identidade - homem ou mulher - que nos foi comunicada pelo Senhor sem que escolhêssemos! O sexo não apenas determina a constituição fisiológica e genética: é uma realidade objetiva, que permeia também toda a relação com Deus, a vocação, a afetividade, preferências, o modo de rezar, de enxergar o mundo e de nos relacionarmos com os demais. 

Do reconhecimento e da aceitação dessa identidade - que não é “construída” ou “escolhida”, mas dada e objetiva - depende a sã formação da identidade dos indivíduos, a geração das famílias e a inteira organização da sociedade humana. A não aceitação do próprio sexo, longe de resolver dificuldades psicológicas ou emancipar-nos, levar-nos-ia à falta de autoconhecimento e de autoestima e nos conduziria por uma senda muito árdua e arriscada.

“Homem e mulher” (Mc 10,6) … Dois mil anos depois das palavras do Senhor, precisamos mais do que nunca esclarecer e reafirmar, sem medo, essa evidência teológica, antropológica e científica! Nossa Senhora nos ajudará! Se, por um lado, Jesus Cristo revela-nos a masculinidade por excelência, a “Mulher” anunciada pelas Escrituras oferecenos o perfeito exemplo da feminilidade intacta e conforme o plano original de Deus.
 

LEIA TAMBÉM: ‘Vem dar-nos, ó Senhor, fervor de missionários!’

Para pesquisar, digite abaixo e tecle enter.