Editorial

De volta para casa

“Sem confiança e amor, não pode haver verdadeira educação”. A frase é de São João Bosco, padre italiano e fundador da Congregação dos Salesianos, instituição que de 1859 até hoje se dedica à educação de jovens e crianças. Um dos pontos centrais do que ensina Dom Bosco é que a melhor forma de se alcançar os jovens e as crianças é por meio do amor. Antes de qualquer correção ou ensinamento, eles precisam saber que quem os ensina nutre por eles amor genuíno. Para Dom Bosco, não é o suficiente amar os jovens; eles precisam saber que são amados.

Ao ler isso, pode-se imaginar uma educação sentimental, “água com açúcar”. A verdade é o oposto. O amor que Dom Bosco pregava, o amor cristão, convoca educadores a amar verdadeiramente aqueles a quem ensinam e a tomar interesse real por suas vidas, o que significa adverti-los, corrigi-los e guiá-los. Dom Bosco acreditava que somente ao reconhecer o amor na mão que os guia é que as crianças e jovens se tornariam aptos a trilhar o bom caminho, quando, já adultos, não pudessem mais ser conduzidos.

Na audiência geral do dia 20 de maio de 2015, o Papa Francisco falou sobre a participação da família na educação das crianças: ele lamentou o fato de que uma série de “críticas intelectuais” tenha – buscando proteger os jovens das “ameaças, reais ou não, da educação familiar” –, exilado e silenciado os pais da educação dos próprios filhos. Para esses críticos, a educação familiar é repressiva, autoritária e conformista. Francisco também lamentou o fato de que muitos pais se deixaram influenciar por essas críticas e aceitaram ser alienados da vida de seus filhos.

Em resposta a essas críticas, o Santo Padre lembrou que a educação das crianças é a “vocação natural da família”, que é a espinha dorsal da humanidade. É dentro da família que a criança aprende a ser responsável por si e pelos outros; é dentro dos lares que se manifesta o amor de Deus na imagem da Sagrada Família, que ilumina e conduz todo casal e suas crianças. Essas famílias, diz o Papa, resplandecem sobre a sociedade e permitem que ela tente preencher “os vazios, falhas e feridas” que afetam as crianças menos afortunadas, filhas de pais ausentes.

A única forma de incutir nas futuras gerações esse senso de responsabilidade e essa consciência de Deus no centro da família é por meio do amor, como ensina Dom Bosco, e de uma presença amorosa, interessada e paciente dos pais na educação de seus filhos, como exorta o Papa Francisco.

Já é hora, concluiu o Papa, que as famílias voltem do exílio e recuperem a voz na educação dos mais jovens. Jesus também foi educado no seio de sua família e as nossas, apesar de suas falhas mundanas, podem sempre contar com Sua inspiração para exercer a vocação difícil, mas recompensadora, de educar suas crianças.

 

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