Liturgia e Vida

‘De dentro do coração…’ (Mc 7,21)

“O homem vê as aparências, mas Deus vê o coração” (1Sam 16, 7). Ele conhece o interior dos homens: “Eu, o Senhor, sondo os corações e provo os rins” (Jer 17,10). Nenhum dos nossos pensamentos ou intenções está oculto a Seus olhos. Por isso, Ele nos pede uma coisa principal: “Dá-me, filho, o teu coração” (Pr 23, 26). 

Na Bíblia, o coração representa a pessoa inteira: pensamentos, afetos, vontade, consciência. Dele nascem as ações boas ou más. É o nosso “lugar” de encontro com Deus! Não à toa, o Senhor formulou o Primeiro e mais importante Mandamento deste modo: “Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração” (Dt 6, 5). A santidade reside no coração! 

No Evangelho deste domingo, Jesus explica que a impureza também vem do coração: “É de dentro do coração que saem as más intenções, imoralidades, roubos, assassínios, adultérios, ambições desmedidas, maldades, fraudes, devassidão, inveja, calúnia, orgulho, falta de juízo” (Mc 7, 21s). No coração se trava uma batalha entre a santidade e o pecado.

 Por isso, toda prática religiosa deve levar nosso coração até Jesus. Na oração mental, Ele nos fala coração a coração; na Confissão, Ele vem curar o nosso coração; na Santa Missa, Ele Mesmo vem até o nosso coração; no Terço, o Coração de Maria nos leva a Ele; no exame de consciência, Ele revela as intenções e motivações profundas do nosso próprio coração. Portanto, examinemos: ao fazer oração, amamos realmente a Deus? Abrimo-nos e nos unimos de verdade a Ele?

As práticas religiosas exteriores não são um fim em si mesmas. Elas constituem meios necessários para elevar nosso “interior” ao Senhor. Pensemos por exemplo nos santos. Praticam orações, penitências e boas obras, não por gosto pessoal, ou para se sentirem “bons”, ou por mera obrigação… E, sim, porque enxergam a presença de Deus em cada uma dessas práticas. Afinal, a santidade não consiste no que é “exterior”, mas no “interior” renovado por Deus: “Dar-vos-ei um coração novo; tirar-vos-ei do peito o coração de pedra e dar-vos-ei 
um coração de carne” (Ez 36, 26). 

E, quanto a isso, Jesus foi muito rigoroso! Repreendia os que faziam jejuns, orações e esmolas “para serem vistos” (Mt 6, 1-6). Denunciava a religiosidade meramente exterior: “Este povo Me honra com os lábios, mas seu coração está longe de Mim” (Mc 7, 6). Para evitar essa hipocrisia, Ele nos ordenou que imitemos, mais do que tudo, o Seu Coração: “Aprendei de Mim, porque sou manso e humilde de coração” (Mt 11, 29); “amai-vos como Eu vos amei” (Jo 15, 12).

Nossa Senhora teve uma vida simples. Segundo as aparências, poderia se pensar que fosse uma mulher como tantas outras. Porém, Ela sempre foi “cheia de graça” (Lc 1, 28). Possuía um universo interior riquíssimo e profundo. Viveu neste mundo com os pensamentos e o coração totalmente voltados para Deus. Todas as suas obras - mesmo as mais simples - possuíram um valor incomparável, pois incomparável é o seu amor por Deus. Tudo Ela fez e viveu com o seu Imaculado Coração voltado para Jesus.

 

 

 

Para pesquisar, digite abaixo e tecle enter.