Liturgia e Vida

‘Com a força do Espírito Santo’ (Lc 4,14)

O Evangelho segundo São Lucas, que será lido aos domingos em 2019, tem como característica uma especial ênfase sobre o Espírito Santo. Já nos primeiros capítulos, o Paráclito é quem atua nos principais acontecimentos: vem sobre Maria Santíssima, para realizar a concepção virginal de Jesus (1,35); santifica São João no ventre materno (1,15); alegra Santa Isabel (1,41); inspira a profecia de Zacarias (1,67); move Simeão ao templo (2,25); e desce, em forma de pomba, sobre o Senhor no Batismo (3,22).

Cristo é retratado como Aquele que é “pleno do Espírito Santo”. É, inclusive, “conduzido ao deserto” por Ele, para ser tentado pelo diabo (cf. 4,1)! Neste domingo, narrando-nos o início da pregação pública do Senhor, São Lucas sublinhará uma vez mais que “Jesus voltou à Galileia com a força do Espírito Santo” (4,14). Toda essa ênfase no Espírito possui duas motivações principais.

A primeira é mostrar que Jesus é o “Ungido”, isto é, o Cristo esperado pelos israelitas! Ele entra na sinagoga e, publicamente, revela ser o Messias anunciado por Isaías: “‘O Espírito do Senhor está sobre Mim, porque Ele Me consagrou com a unção para anunciar a Boa Nova aos pobres’. Hoje se cumpriu esta passagem” (Cf. 4,18.21). Por isso, após a leitura, “todos tinham os olhos fixos n’Ele” (4,20).

A segunda motivação é mostrar que as palavras e ações de Jesus continuam a acontecer neste mundo por meio da Igreja! Na sequência do Evangelho, no livro dos Atos dos Apóstolos, São Lucas mostrará que o mesmo Espírito que agia em Jesus foi derramado também sobre os Apóstolos em Pentecostes. E que, quando Pedro e os demais pregavam, curavam e viviam a caridade fraterna, faziam-no com a força do mesmo Espírito. O Paráclito converteu os discípulos de homens retraídos por “medo dos judeus” (Jo 20,19) em verdadeiros Apóstolos, “testemunhas” de Cristo “de Jerusalém até os confins da terra” (At 1,8).

Ou seja, o mesmo Espírito que agia em Jesus é quem move o Corpo de Cristo, que é a Igreja! Assim, compreendemos as palavras de São Paulo: “Todos nós fomos batizados num único Espírito, para formar um único corpo” (1Cor 12,13). Haver recebido o Espírito Santo e cultivar a Sua presença em nós é o que nos faz pertencer verdadeiramente à Igreja e nos permite realizar obras boas. Independentemente de onde estivermos, estamos unidos a Cristo, identificamo-nos com Ele e podemos realizar as Suas obras, graças à presença do Espírito Santo.

O “Ano da Graça do Senhor” continua por meio dos cristãos: “para proclamar a libertação aos cativos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos” (4,18). Por meio da Igreja, o Espírito de Cristo continua a perdoar os pecados, a doar a graça santificante e trazer a salvação eterna. Esta já se manifesta por meio dos frutos que o Paráclito produz nos fiéis: “amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, autodomínio” (Gl 5,23).

 

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