Fé e Cidadania

Caminhos de superação diante das doenças raras e negligenciadas

Qual seria o caminho de superação do caótico estado de coisas sobre as doenças raras e negligenciadas? Na mensagem endereçada aos participantes da Conferência Internacional sobre Doenças Raras e Negligenciadas, em novembro de 2016, o Papa Francisco afirma que “o desafio epidemiológico, científico, clínico-assistencial, higiênico-sanitário e econômico é, pois, imenso, porque implica responsabilidades e compromissos em escala global: autoridades políticas e sanitárias internacionais e nacionais, agentes sanitários, indústria biomédica, associações de cidadãos/pacientes, voluntariado laico e religioso”. Devido a isso, é necessária “uma abordagem multidisciplinar e conjunta; um esforço que envolva todas as realidades humanas interessadas, institucionais ou não, e entre elas também a Igreja Católica, que desde sempre encontra motivação e impulso em seu Senhor, Cristo Jesus, o Crucificado Ressuscitado, ícone tanto do enfermo como do médico, o bom samaritano”.

Francisco diz que para resolver esse problema de saúde global, é necessária “a sabedoria do coração”, sendo também de crucial importância o testemunho de quem se lança nas periferias não somente existenciais, mas também assistenciais do mundo.

Uma outra observação do Papa tem a ver com o tema da justiça, no sentido de “dar a cada um o que é seu”, evitando-se discriminações. Isto é, o mesmo acesso aos cuidados eficazes para as mesmas necessidades de saúde, independentemente dos fatores e contextos socioeconômicos, geográficos e culturais. Aqui são evocados três princípios fundamentais da Doutrina Social da Igreja. O primeiro é o princípio da sociabilidade, segundo o qual o bem da pessoa se reflete na comunidade. Portanto, o cuidado da própria saúde não é somente uma responsabilidade pessoal, mas também um bem e responsabilidade social. O segundo princípio é o da subsidiariedade, que, de um lado, sustenta, promove e desenvolve socialmente a capacidade de cada pessoa realizar as suas aspirações legítimas e, de outro, vai em socorro das pessoas onde elas se encontram e não conseguem, por si mesmas, superar certos obstáculos, como é o caso, por exemplo, de uma doença. E, finalmente, o princípio da solidariedade, em relação ao qual deveriam se orientar as estratégias sanitárias, que tem na justa medida o valor de cada pessoa e do bem comum.

Conclui o Papa Francisco dizendo que é “sobre estas três bases que podem ser partilhadas por todos aqueles que tenham em grande consideração o valor eminente do ser humano, que se pode identificar soluções realistas, corajosas, generosas e solidárias para afrontar com mais eficácia e resolver a emergência sanitária das doenças ‘raras’ e ‘negligenciadas’”.

As opiniões da seção “fé e cidadania” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do O SÃO PAULO.

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