Comportamento

Avós no século XXI – Uma reflexão para/sobre os avós

Que delícia curtir essa nova fase que a vida proporciona: ser avós. Receber nos braços aquele pequeno, fruto da maturidade dos filhos. Normalmente, essa fase vem acompanhada de uma serenidade e sabedoria próprias daqueles que já passaram por muitas experiências e inúmeras dificuldades.  Há mais paciência para ouvir, mais tempo para conviver, mais colo para acolher choros, birras, artes.... Alguns ditados se referem ao papel dos avós com metáforas interessantes: “avó é mãe com açúcar”, “avós são amor que nunca envelhece e sabedoria que nunca acaba”. 

Vocês, avós, são ainda mais:  são sinal das raízes dos pequenos; são marca cultural; são a história viva da família. Ao contar às crianças sobre o passado, alimentam o presente e estimulam o futuro. Criam um sentido de pertença: na nossa família foi assim, é assim, espera-se isso. Os pequenos sentem-se parte dessa história. Segundo Capelatto, Moisés e Minatti (2006), no contato com os avós e suas histórias, nasce para eles “a noção de integridade, de ambiente cultural, a constatação de que trazem mais vidas do que a sua própria, mais desejos e força realizadora do que sua disposição individual”. Que importante esse convívio com vocês!

Portanto, não se limitem simplesmente à função de cuidar das crianças para que os pais trabalhem. Hoje, com o ritmo acelerado de trabalho dos pais, esse papel é muitas vezes atribuído a vocês, e nem sempre com o cuidado e justiça que seriam necessários. Há disposição física e saúde suficiente para esse cuidado cotidiano que a criança pequena exige? Há clareza de que o cuidado diário significa educar no detalhe: colocar limites, suportar frustrações, retirar fraldas, ser vir papinhas, além de agradar e mimar, como normalmente fazem os avós? Estão dispostos e preparados para isso? Se não, não hesitem em deixar isso claro para os pais; afinal, vocês, com certeza, querem contribuir muito na formação e educação dos netos, mas é preciso fazê-lo do modo que podem. Se não estiverem preparados para assumir esse papel intenso e exigente, acabarão por exercê-lo mal, e os prejuízos podem ser maiores para os pequenos que estão em formação.  Se for realmente necessário ficar com eles, vamos encontrar saídas: que ajudas podem ser bem-vindas? Que serviços podem ser terceirizados para que não se sobrecarreguem e possam atender as necessidades das crianças? É preciso colocar os limites com clareza para o bem de todos os envolvidos. 

Agora, não obstante essa ajuda preciosa que muitos avós prestam aos seus filhos, precisamos resgatar os momentos valiosos de convívio – de ouvir histórias, de fazer bolinhos que eram servidos para os pais quando pequenos, de ver fotos, de contar sobre coisas importantes que aprenderam, de contar como aprenderam, que experiências tiveram, de brincar, de ouvir, de falar, promover a identificação. Transmitir valores com a sabedoria que lhes é peculiar. Ensinar orações que aprenderam quando pequenos, conviver com prazer e sem cobranças, sem moralismos vazios. Com certeza, vocês ensinarão muito aos netos com exemplos e contando sobre passagens importantes de suas vidas.

Acreditem: vocês, no papel de avós, são muito importantes na vida e na formação de seus netos. Não é preciso ocupar o lugar dos pais nem sabotar os limites colocados por eles para serem queridos e insubstituíveis na vida dos pequenos. Já o são.

 

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