Liturgia e Vida

Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração

 

Jesus tem consciência de ser o revelador do Pai e de tudo o que o Pai lhe entregou. No entanto, Jesus também constata que sua revelação não é aceita pelos grandes do mundo religioso de seu tempo. Escribas, fariseus e saduceus se mostram autossuficientes diante de Jesus. As palavras de Jesus não os comovem, mas são aceitas pelos simples e pequenos. É um fato, e ele agradece a Deus por isso.

O profeta Zacarias contrapõe os que acreditam na força dos cavalos aos que acreditam na força do jumentinho.

Ele contrapõe o Rei Messias que vem chegando, humilde, montado num jumento, aos reis de Judá e Israel com suas montarias e armas de guerra. Os conquistadores soberbos acabam se tornando destruidores, enquanto o Rei Messias, que monta um jumentinho, constrói a paz. Não uma paz inativa.

O Rei Messias sabe que há muitos cansados e fatigados sob o peso de fardos que lhes foram impostos, e quer aliviá-los. Ele é manso e humilde de coração. Não é violento, mas é ativo. Sua não violência é ativa e sua resistência permanece até que sejam eliminados os carros de guerra e quebradas as armas de destruição.

Jesus nos oferece uma cultura de paz em contraposição a uma cultura de violência, que gera todo tipo de corrupção e ambição. É preciso aprender dele, que é manso e humilde de coração, porque a cultura da paz supõe profunda mudança no coração. Não basta não fabricar armas. O ser humano, ao se inclinar para a maldade, sabe pegar e atirar pedras.

Viver segundo a carne, nesse contexto, significa deixar-se levar pela má inclinação da natureza humana. Viver segundo o Espírito é deixar-se levar pelo amor prático, que é próprio do Espírito. Talvez por isso, os poderosos deste mundo ouvem, mas não acatam a revelação oferecida por Jesus. Os pequenos e humildes, sim! Se vivermos segundo a carne nos mataremos uns aos outros. No profeta Malaquias (3,24) está escrito que Elias fará voltar o coração dos pais para os filhos e vice-versa, “para que eu não venha ferir a terra com anátema”, isto é, para que seja possível viver em paz neste mundo.

Quem aceita o convite de Jesus, que diz “Vinde a mim”, recebe também a graça de controlar os impulsos da natureza corrompida. “A Não Violência... é o controle espiritual que comove e purifica o homem oprimido e o opressor. O coração mais endurecido e a ignorância mais grosseira desaparecem diante do sol do sofrimento paciente e sem maldade. A fibra mais dura não subsiste ao fogo do amor. Se não fundir será porque o fogo não é bastante forte (“A Firmeza Permanente”, p.17).

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