Espiritualidade

A metrópole, sua caminhada e desafios atuais

No próximo dia 25, a cidade de São Paulo completará 465 anos de fundação. O marco fundacional da cidade foi a celebração de uma missa na Festa da Conversão de São Paulo, por padres jesuítas que planejavam instaurar no planalto de Piratininga uma missão para catequizar os indígenas da região. O grupo era capitaneado pelo Padre Manuel da Nóbrega e contava com José de Anchieta, recentemente canonizado pelo Papa Francisco.

O vilarejo crescido ao redor do Colégio construído pelos jesuítas foi elevado a cidade em 1711, quando contava com cerca de 9 mil habitantes. Em 1745, São Paulo tornou-se sede diocesana. E, não obstante esses títulos, o vilarejo ainda não tinha relevância para a Colônia, exceção feita aos Bandeirantes, que dali partiam em busca de riquezas nas regiões das Minas e Centro-Oeste, expandindo as fronteiras para os colonizadores.

Essas excursões ocasionaram certo esvaziamento da população da então pequena cidade, mas sua localização, entre os caminhos do interior ao porto de Santos, garantir-lhe-ia um futuro promissor. No ciclo do açúcar, primórdios de uma agricultura organizada e voltada para a exportação, São Paulo começou a trilhar um caminho de protagonismo nas atividades comerciais na Terra de Santa Cruz.

As benesses desse ciclo econômico também trouxeram aos paulistanos mais espaço na política da Colônia, como atesta a proclamação da independência “às margens do Ipiranga”. Posteriormente, a crise de mão de obra instaurada com o fim do regime escravagista contribuiu para um certo protagonismo dos produtores de café e da incipiente indústria em São Paulo no movimento pró-República, gerador de grande mudança no contexto nacional.

No período, os migrantes que aportavam em grande quantidade em terras brasileiras foram decisivos para o desenvolvimento da indústria no planalto paulista, sobretudo nos bairros da Mooca e do Brás. Esse incremento econômico tornou a capital deste Estado definitivamente um importante centro econômico, e foi decisivo para São Paulo deixar para trás o passado colonial e incorporar o espírito que a conduziria ao grupo das cidades mais relevantes do planeta.

Atualmente, com mais de 12 milhões de pessoas em uma área de 1,5 mil km², a pauliceia continua a ser referência industrial e comercial, contribuindo com mais de 10% do PIB do Brasil, mesmo com as mudanças no cenário econômico no qual a atividade que mais cresce é a de serviços. A cidade apresenta invejável estrutura para eventos, hotelaria, gastronomia, transporte, estudos, pesquisa, esportes, saúde, tecnologia e cultura, entre outros. O ambiente dessa grande cidade é pujante, plural, vasto, fascinante e acolhedor.

Entretanto, a população dessa metrópole não pode fechar os olhos para os penalizados pela desigualdade, um dos grandes males da sociedade brasileira. A desigualdade gera carências sociais, facilmente reconhecidas por quem se desloca pelas suas vastas áreas. É preciso ouvir a voz dos que fazem das ruas suas moradas e dos que sofrem com deficientes políticas públicas nas periferias.

No aniversário de São Paulo, a Arquidiocese se reunirá em celebração eucarística para louvar a Deus por essa rica história e suplicar que Deus continue a abençoá-la. A municipalidade preparou eventos em vários pontos da cidade. Que essas comemorações se prestem a unir a sociedade paulistana em esforços para a superação das desigualdades, mediante o avanço das relações fraternas e solidárias. E que o Apóstolo dos gentios rogue pela efervescente metrópole que leva seu nome.

 

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