Sínodo Arquidiocesano

‘A Igreja se funda sobre a Palavra de Deus, nasce e vive dela’ (VD, 3)

Um traço bem característico da ação evangelizadora da Igreja no Brasil é o de dedicar à Palavra de Deus o mês de setembro, que se consolidou entre nós como o “Mês da Bíblia”, no qual, a cada ano, um dos livros da Sagrada Escritura é lido, estudado e rezado pelas dioceses e suas comunidades em todo o Brasil.

A atitude fundamental da Igreja é a de estar “à escuta” contínua da Palavra de Deus, para vivê-la, testemunhá-la e anunciá-la, em missão, aos que têm “fome de Deus”. Por isso que a Exortação Apostólica Verbum Domini (VD), sobre a Palavra de Deus na vida e missão da Igreja, proclama que “a Igreja se funda sobre a Palavra de Deus, nasce e vive dela” (nº 3).

Nessa linha, a mesma Exortação Apostólica convida a Igreja inteira a um esforço pastoral particular para que a Palavra de Deus apareça em posição central na vida eclesial, recomendando que se incremente a “pastoral bíblica” não em justaposição com outras formas de pastoral, mas como “animação bíblica da pastoral inteira”. Não se trata simplesmente de acrescentar qualquer encontro na paróquia ou na diocese, mas de verificar que, nas atividades habituais das comunidades cristãs, nas paróquias, nas associações e nos movimentos, tenha-se no coração o encontro pessoal com Cristo, que Se comunica a nós na sua Palavra. Dado que “a ignorância das Escrituras é a ignorância de Cristo” (São Jerônimo), então, podemos esperar que a animação bíblica de toda a pastoral ordinária e extraordinária levará a um maior conhecimento da pessoa de Cristo e, assim, fortificará todos os fiéis na fé e na caridade (cf. VD,73).

E nós: como estamos refletindo sobre a “animação bíblica” da inteira ação evangelizadora, pastoral e missionária da Arquidiocese de São Paulo? Esse tema tem sido contemplado, como se deve, no caminho sinodal até aqui percorrido?
As pesquisas sobre a vida e a ação pastoral da Arquidiocese de São Paulo, realizadas no 1º ano do sínodo arquidiocesano (2018), constatam o grande desejo dos entrevistados católicos de “entender, mais profundamente, a Palavra de Deus” e de participar de “grupos que reflitam e estudem as Sagradas Escrituras”.

Aí está um “indicativo” favorável para a ação missionária nas paróquias e suas comunidades, no todo de cada região episcopal e na totalidade da Arquidiocese de São Paulo.

As atuais Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE 2019-2023) indicam alguns encaminhamentos pastorais nesse sentido: 

1) Universalizar o acesso à Sagrada Escritura, assumindo-a como alma da missão (DV, 21). Cada pessoa não só deve ter uma Bíblia, como deve ser ajudada pela comunidade a fazer dela fonte de estudo, oração, celebração e ação (DGAE,155); 
2) Priorizar pequenas comunidades eclesiais ao redor da Bíblia, como fruto imediato da visitação missionária (DGAE,156); 
3) Assumir a leitura orante da Palavra (DGAE,157); 
4) Implantar centros de estudo sobre a Palavra de Deus em todas as realidades da vida eclesial (DGAE,158);
5) Utilizar o potencial das redes sociais para que a Palavra alcance todas as pessoas em todas as situações (DGAE,159).
Portanto, aqui temos o grande desafio missionário a ser contemplado no caminho sinodal arquidiocesano de São Paulo. Muitos se queixam que a dimensão profética da Igreja está inibida. No entanto, a dimensão profética está latente no seio eclesial e florescerá e dará frutos na medida em que a Palavra de Deus permear todas as estruturas e todos os organismos da Igreja que somos.
 

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