Comportamento

A grandeza de recomeçar

Gostaria de considerar hoje um aspecto muito importante na formação dos filhos e na nossa própria maneira de ver a vida: como encaramos os erros?

Já diz um ditado muito antigo: “errar é humano”, ou seja, o erro é parte integrante de nosso percurso e convivemos com ele cotidianamente. O fato é que ninguém gosta de errar e, via de regra, optamos por justificar os erros que cometemos ou mesmo por ignorá-los, como se não tivessem acontecido. Já quando se trata de olharmos os erros dos filhos, quantos sentimentos confusos e atitudes atabalhoadas! Se são erros na lição de casa, exigimos perfeição – apagamos, apagamos, até que saia a contento; se são condutas erradas, alguns optam por punições mais duras, outros justificam por más companhias ou influências mal-vindas; normalmente, tudo por vergonha ou sentimento de culpa. Como meu filho pôde agir assim, o que vão pensar de mim, onde estou errando como pai?

As teorias pedagógicas mais recentes apontam para a importância do erro como caminho para o acerto. Tais teorias pregam que é importante perceber o erro e poder pensar num modo de solucioná-lo, encontrar caminhos alternativos e mais acertados. Viver a experiência de errar nos permite exercitar a possibilidade de refazer, de avaliar prejuízos, fazer aproximações entre o que se queria e o resultado alcançado, rever caminhos e condutas, e, normalmente, promove uma segunda tentativa mais segura e acertada.

Mudar esse modo de ver as coisas me parece fundamental se queremos, de fato, formar pessoas mais responsáveis, livres, equilibradas e otimistas.

Então vamos lá:

- Em primeiro lugar, precisamos ter humildade e coragem de assumir que todos erramos: nossos filhos, nossos amigos, conhecidos e nós mesmos.

- Depois, exercitar a possibilidade de olhar para o erro com otimismo: o que podemos aprender com ele? Há uma tendência a esse erro? O que isso pode mostrar? Que qualidades e dons tenho para lutar contra essa dificuldade sem desanimar?

- Levantar e recomeçar sempre.

Na medida em que encararmos nossos erros desse modo, passaremos a valorizá-los, os veremos como oportunidades de crescimento e aprendizagem e não como fatalidades terríveis que devemos negar.

Se nós, adultos, erramos, muito mais as crianças, que estão em franca aprendizagem. Porque darmos um peso tão grande aos erros e criarmos barreiras em relação a eles? Não é melhor estimularmos os pequenos a aprender com os erros, a se levantarem diferentes e mais fortes a cada queda? Que tal apontarmos os potenciais, as qualidades, os dons que eles têm e que podem ajudar a superar as dificuldades?

Não se trata de negarmos os erros e dificuldades, mas sim de repaginarmos o modo de encará-los, de lidarmos com eles.

Não somos infalíveis e nossos filhos também não o serão, por mais que se empenhem. Então, mais importante do que não cair, é saber levantar. Vamos dedicar tempo e empenho em pensar nos diferentes modos de recomeçar, de criar saídas, de encontrar soluções. As quedas são inevitáveis, mas o modo, a agilidade e o otimismo com que nos colocamos novamente em pé, esses sim, farão a diferença nas nossas vidas e, certamente, nas dos pequenos que estão sob nossa orientação. Pensemos nisso.

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