Editorial

A alegria cristã

"A Alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus”, escreve o Papa Francisco na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium. Nessa frase e em toda e Exortação, Francisco destaca uma característica comum e muito importante na história dos santos, que são aqueles que melhor viveram o Evangelho: a alegria.

Padre Pio era visto constantemente rindo e fazendo piadas. Santa Teresa D’Ávila tinha pavor de religiosas melancólicas e tristes. São Filipe Néri, por exalar muita alegria e amabilidade, foi chamado de o “Santo da Alegria” e tornou-se o padroeiro dos comediantes. E, assim, sucessivamente, na história dos santos, percebe-se a presença constante da virtude da alegria.

O próprio Jesus, em diversas passagens do Evangelho, fala da alegria que será dada àqueles que O seguirem: “Manifestei-vos estas coisas, para que esteja em vós a minha alegria, e a vossa alegria seja completa” (Jo 15,11). Logo em seguida, Ele promete uma alegria que nunca poderá ser tirada daqueles que a possuem: “Eu hei de ver-vos de novo! Então, o vosso coração há de alegrar-se e ninguém vos poderá tirar a vossa alegria” (Jo 16,22).

Qual seria, então, o fundamento da alegria cristã? Como a cruz que todo cristão deve carregar pode conviver com a alegria que não pode ser tirada? A resposta a ambas as perguntas pode ser resumida em uma única e simples verdade de fé, que diz que Deus ama a todos e cuida de cada homem como se fosse Seu filho único.

Essa verdade de fé, central na mensagem evangélica, não se resume a uma frase abstrata, mas decorre diretamente de um acontecimento histórico e real: da Morte e Ressurreição de Jesus Cristo. O cristão, quando proclama que Deus ama a todos, não está falando simplesmente uma frase bonita, mas está proclamando a Paixão e a Ressurreição.

Deus, para quem a humanidade tinha voltado as costas, amou-a tanto que lhe deu Seu Filho Único para sofrer e carregar as consequências do pecado em Sua própria carne e alma. Deus não simplesmente disse que nos amava, mas mostrou da maneira mais eloquente esse amor. O próprio Cristo diz que “ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos” (Jo 15,13).

Esse sofrimento de Cristo, no entanto, não foi a única forma de Deus atestar seu amor. Depois de Sua morte, Cristo ressuscitou, demonstrando o fim daqueles que o seguirem fielmente na cruz: a vida eterna e a alegria infindável, que nunca “poderá ser tirada”.

Diante de todo esse quadro, compreende-se melhor a alegria do cristão. Em Cristo, a Cruz foi convertida em Ressurreição. Todo o seu sofrimento adquiriu um sentido profundo. Da mesma maneira, todos os sofrimentos do cristão, se vividos com amor, serão convertidos em ressurreição e vida. Deus, em sua infinita bondade, apenas permitirá aquelas cruzes que para nós são úteis para atingirmos a alegria eterna. Baseados nessa certeza, não há razão para tristeza.

Assim, seremos luz do mundo e sal da terra, anunciando a alegria cristã em um mundo permeado por cruzes. Como disse Santa Teresa de Calcutá: “A nossa alegria é o melhor modo de pregar o Cristianismo”.

 

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